A escleroterapia com espuma é um dos possíveis tratamentos para a doença venosa crônica — que, por sua vez, é a principal causa das idas aos consultórios de médicos angiologistas ou cirurgiões vasculares. A motivação, para a maioria desses pacientes, é tratar as varizes de médio a grande calibre nas pernas. Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), esse problema acomete 38% da população brasileira (sendo encontrada em 45% das mulheres e 30% dos homens).

Neste artigo, explicaremos como funciona a escleroterapia com espuma. Se você, como tantas pessoas, também sofre com veias tortuosas e dilatadas, aproveite!

O que são as varizes?

Varizes são mais do que um problema estético. Sua presença significa que as veias estão doentes, sendo, muitas vezes, um importante indício de insuficiência venosa crônica, condição que impede o sangue de correr normalmente. Entre os principais sintomas, destacam-se:

  • sensação de peso nas pernas e tornozelos;
  • inchaço nos pés e nos tornozelos;
  • cãibras e formigamentos nas panturrilhas;
  • dormência nos pés; entre outros incômodos.

Como funciona a escleroterapia comum?

A escleroterapia é um procedimento minimamente invasivo, no qual são injetadas substâncias que provocam esclerose (destruição e cicatrização) no interior das veias acometidas pelas varizes. Ao longo do tempo, as veias tratadas são naturalmente eliminadas pelo organismo, pois deixam de receber sangue.

As aplicações não exigem o uso de anestesia e podem ser feitas nos consultórios de médicos angiologistas e cirurgiões vasculares. Quando a agulha é removida, o segmento tratado precisa ser rapidamente comprimido, por meio da colocação de bandagens compressivas.

Apesar de eficiente, na maioria das vezes são necessárias diversas sessões até o término do tratamento. Além disso, esse método é indicado apenas para micro-varizes, sendo insatisfatório em veias maiores.

O que é a escleroterapia com espuma?

A escleroterapia com espuma densa é uma técnica desenvolvida com objetivo de melhorar a potência da solução injetada nas varizes. Utilizado há bastante tempo na Europa, o procedimento consiste no uso de uma substância chamada polidocanol com ar de ambiente ou com gás fisiológico (uma mistura pré-fabricada de O2 e CO2). A partir daí, surge uma solução formada por microbolhas.

Essas microbolhas promovem um aumento na área de contato do polidocanol com o interior das veias tratadas. Isso otimiza a eficácia da substância, permitindo, também, o tratamento de varizes de médio e grosso calibre.

Como são as sessões de escleroterapia com espuma?

As sessões de escleroterapia com espuma, assim como as de escleroterapia comum, também são realizadas em consultório médico. Para serem o mais precisas possível, as aplicações são teleguiadas por um aparelho de ultrassom.

Cada sessão dura, em média, 30 minutos. Geralmente, elas são realizadas uma vez por semana, ou a cada quinze dias.

Para quais casos o procedimento é indicado?

A escleroterapia com espuma é principalmente indicada para o tratamento de veias médias e grossas, inclusive as safenas e aquelas com feridas associadas (chamadas de úlceras venosas). A indicação é feita pelo médico angiologista ou cirurgião vascular, após confirmada a necessidade.

A aplicabilidade do procedimento é definida por critérios anatômicos e clínicos. Para isso, o especialista recorre à anamnese, ao exame físico e à ultrassonografia, relacionando os sinais e sintomas ao escore de gravidade proposto pelas sociedades médicas.

Quais são os cuidados anteriores ao procedimento?

O principal cuidado antes de começar o tratamento de escleroterapia com espuma é ficar uns dias sem tomar sol nas pernas. Isso porque, o excesso de melanina da pele bronzeada pode manchar durante o procedimento.

Para prevenir esse tipo de ocorrência, alguns médicos preferem realizar o procedimento nas estações mais frias do ano, pois algumas pessoas relatam dificuldades para seguir os cuidados em relação à restrição de sol no verão.

No entanto, o melhor período para tratar as varizes é o momento presente, pois a abordagem precoce é sempre a postura mais indicada. Muito em breve, o esforço para não postergar o tratamento terá valido a pena.

Em quanto tempo aparecem os resultados?

A duração do tratamento de escleroterapia com espuma varia de paciente para paciente. Em certos casos, uma única aplicação é suficiente para a oclusão da veia acometida e eliminação da mesma.

Estudos retrospectivos comprovam que, mesmo em casos de varizes de grosso calibre, a técnica foi eficaz e não gerou complicações sérias. Isso, inclusive, em relação ao tratamento da insuficiência venosa crônica, sendo uma alternativa à cirurgia vascular e ao procedimento de termoablasão (por laser ou radiofrequência) das veias insuficientes, apresentando boas taxas de sucesso.
Após a última sessão, apesar da recuperação ser rápida, pode levar cerca de um mês para a pele voltar ao normal (sem hematomas e inchaços). Só então o resultado final ser observado.

Quais são os cuidados após o procedimento?

Após as sessões de escleroterapia com espuma, o paciente deve manter as bandagens de compressão e usar meias compressivas por alguns dias ou semanas. Esse período varia de pessoa para pessoa, de acordo com o diâmetro das veias tratadas. Portanto, deve-se seguir, à risca, as orientações do médico responsável.

Outro ponto importante: assim como recomendado antes do procedimento, para não ficar com a pele manchada é preciso evitar tomar sol na área tratada. Além disso, deve-se aplicar filtro solar (com FPS alto) sobre os hematomas.

Geralmente, as marcas arroxeadas desaparecem entre 1 e 2 semanas, sendo que o uso de medicações tópicas ajuda a acelerar esse processo.

Quais são os riscos associados à escleroterapia com espuma?

Apesar de minimamente invasivo e muito seguro, o tratamento exige o acompanhamento regular dos pacientes, já que podem ocorrer flebites (inflamação das veias, especialmente, das mais grossas) e necessidade de drená-las. Apesar de “chatinho”, o processo compensa, pois acelera a recuperação.

Além de flebites, também podem ocorrer pigmentações da pele nas áreas que receberam o tratamento. Nesse caso, a frequência varia de acordo com alguns fatores, tais como:

  • tipo de pele;
  • concentração do polidocanol na solução com espuma;
  • profundidade das varizes em relação à superfície da pele.

Apesar de todas essas variáveis, o percentual de pacientes com pigmentação se limita a 30% dos casos. Entre a maioria deles, as manchas regridem naturalmente, com melhora espontânea em até 1 ano após o tratamento.

Existem contraindicações à escleroterapia com espuma?

A principal limitação ao tratamento é para pacientes com história de alergia ao polidocanol. Além deles, pessoas que sofrem com enxaqueca ou têm alterações cardíacas estruturais também devem evitá-lo, sendo necessário buscar outras opções terapêuticas.

Para concluir, o tratamento por meio da escleroterapia com espuma é uma boa alternativa para pacientes com varizes médias e grossas, apresentando altas taxas de sucesso terapêutico, além dos benefícios estéticos. Fora isso, o procedimento se justifica pela facilidade de o paciente não precisar se submeter a uma cirurgia e por proporcionar uma recuperação menos dolorosa e limitante. Mas mesmo após o término do tratamento, é preciso manter um acompanhamento médico regular, visitando seu angiologista ou cirurgião vascular periodicamente.

Se você precisa de um tratamento para varizes, não perca tempo. Agende sua consulta e faça uma avaliação individual!

Douglas Monteiro