Após a cirurgia bariátrica, o paciente perde uma grande quantidade de peso. O objetivo parece ter sido cumprido, até que o paciente se depara com outro problema: o excesso de pele resultante dessa perda. Felizmente, com o acompanhamento necessário, é possível redefinir o contorno corporal por meio das cirurgias reparadoras, ou pós-bariátricas.

Nesse processo, é preciso ter paciência para esperar o tempo correto até estar preparado para se submeter a mais uma cirurgia. Nesta entrevista, a Dra. Ana Borba, especialista em Cirurgia Plástica no Rio de Janeiro e membro do corpo clínico da Clínica Lis, responde às principais dúvidas sobre o tema. Acompanhe!

Quanto tempo esperar para fazer a cirurgia pós-bariátrica?

Dra. Ana Borba: Depois que o paciente faz a cirurgia bariátrica, é esperado que ele perca, no primeiro ano, o peso programado pelo cirurgião e equipe multidisciplinar. Ele segue com o tratamento com essa equipe (endocrinologista, nutricionista, psicólogos, cirurgião).

Após a perda expressiva de peso que geralmente ocorre no primeiro ano, o paciente deve estabilizar seu peso por mais ou menos dois meses. Quando ele atinge essa meta, é liberado pela equipe para realizar a pós-bariátrica.

Como se preparar para os procedimentos reparadores?

Dra. Ana Borba: Conversar muito com a equipe multidisciplinar. O ponto inicial é ser liberado para a cirurgia reparadora, então ninguém melhor que o próprio cirurgião bariátrico para avaliar se a perda de peso foi suficiente. Além disso, levamos em consideração se o paciente não apresenta mais os fatores de risco que ele apresentava antes, como gordura no fígado, diabetes, pré-diabetes e hipertensão.

Além de ter perdido peso, o paciente deve estar saudável para realizar uma cirurgia reparadora. Ele deve estar compensado nutricionalmente, isto é, sem anemia ou deficit de vitaminas.

Por fim, deve estar adaptado com a perda de peso, pois a cirurgia bariátrica causa uma mudança corporal muito grande. Por isso, sempre enfatizamos a importância do acompanhamento psicológico. Os pacientes passam por grandes transformações corporais e tudo isso precisa ser assimilado antes de iniciar as reparadoras.

No momento em que iniciamos as cirurgias reparadoras, o paciente está saudável, mas tem grandes excessos de pele. Então, o que acontece é uma troca desses excessos de pele por cicatrizes. Ele vai passar por mais mudanças corporais e deve estar preparado psicologicamente para isso.

Quais procedimentos pós-bariátricos são mais realizados?

Dra. Ana Borba: Os procedimentos mais comuns que realizamos aqui na clínica são os corporais, como a abdominoplastia, cirurgia das mamas, da região do culote, do bumbum e o lifting da parte inferior do tronco.

Quando o excesso de pele é só no abdômen inferior, indicamos a abdominoplastia simples. Mas, se o paciente tem um excesso de pele que vai até o dorso, costas, flanco, região glútea e dos culotes, indicamos a abdominoplastia 360º. Com essa cirurgia, além de tirar o excesso de pele da região abdominal, fazemos também o lifting da parte inferior.

Quando o paciente sempre teve um abdômen muito grande e tem excesso de pele acima e abaixo do umbigo, indicamos uma abdominoplastia em âncora. Essa cirurgia deixa uma cicatriz mediana e uma cicatriz inferior. Esse é o tipo de cirurgia pós-bariátrica em que conseguimos ressecar mais pele e entregar mais contorno corporal para o paciente.

Outras cirurgias que realizamos com frequência são as cirurgias de mama. Em muitos casos, no paciente pós-bariátrico, precisamos colocar prótese devido à perda de tecido glandular e flacidez. A prótese acaba sendo necessária para reconstruir essa mama.

Fazemos também muitos liftings do braço e da perna. Esses são os procedimentos mais comuns, mas cada paciente é único, cada sobra de pele é de uma forma, então vamos customizando o tratamento.

Quais são os cuidados no pós-operatório e quando poderei retornar à rotina normal?

Dra. Ana Borba: Geralmente, evitamos indicar cirurgias combinadas, porque elas exigem muito do paciente. Ele precisa ter uma reserva de vitaminas e de sangue grande, porque perde mais sangue, tem mais risco de infecção, de trombose.

Na cirurgia única, nós pedimos um afastamento do trabalho de 15 a 21 dias, sendo o ideal 21 dias. Na primeira semana, o paciente deve ficar em casa, com todos os cuidados pós-operatórios na ferida, tomando banho uma vez por dia, usando a cinta por 24h e uma meia elástica para prevenção de trombose.

O repouso deve ser relativo: a cada duas horas, o paciente deve andar por cinco minutos para evitar uma trombose. Também é importante tomar as medicações pós-operatórias para evitar complicações, como infecção, e controlar a dor.

O paciente retorna para a segunda consulta entre 7 e 10 dias. Se ele estiver com dreno, o mesmo é retirado nesse momento, e inicia-se a retirada dos fios de sutura (pontos).

Esse pós-operatório imediato se completa com 21 dias, e então liberamos o paciente para as atividades do dia-a-dia. Pode voltar a dirigir, a trabalhar, mas ainda usando cinta e evitando realizar esforços e atividade física. Geralmente, o paciente pode retornar para a atividade física em cerca de dois meses. Tudo depende da cirurgia e da evolução do pós-operatório.

Quais resultados o paciente pode esperar?

Dra. Ana Borba: Cada paciente vai ter um tipo de sobra de pele e uma indicação cirúrgica, mas todos vem com a expectativa muito alta de recuperar um corpo que perderam ou alcançar um contorno corporal que nunca tiveram.

Isso é perfeitamente compreensível. Nós entregamos bastante resultado e a cirurgia melhora muito a qualidade de vida. O paciente consegue se vestir melhor, e a prática de atividade física – tanto pelo uso de roupas quanto pela própria prática em si – fica mais fácil.

Mas o paciente entra em etapas de cirurgias reparadoras. Nós não conseguimos mudar a qualidade da pele desse paciente, então os cuidados devem ser constantes: hidratação, reposição de vitaminas, uso correto das cintas.

Além disso, o paciente deve estar ciente que está fazendo uma troca. Está trocando o excesso de pele por cicatrizes. A obesidade deixa suas marcas, e essas marcas são as cicatrizes da cirurgia reparadora. Mas o paciente ganha muito em qualidade de vida e recuperação da autoestima. E esse ganho se torna maior que a importância dessas cicatrizes.

 

 

Gostou da entrevista? Em nossa clínica de cirurgia plástica no Rio de Janeiro, temos uma equipe multidisciplinar à disposição para avaliar o seu caso de forma integral. Agende uma consulta com um de nossos especialistas e tire todas as suas dúvidas!

Douglas Monteiro