A trombose venosa profunda é uma doença que afeta mais de 1 milhão de pacientes ao ano, de acordo com as estatísticas americanas e europeias. No Brasil, as estimativas apontam 60 casos da doença para cada 100 mil habitantes, segundo dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV).
Em alguns casos, a condição pode se desenvolver durante o pós-operatório de cirurgias plásticas, uma vez que os pacientes precisam ficar acamados e em repouso, dependendo do procedimento realizado. Quando não tratada precocemente, a trombose pode causar graves complicações e até mesmo levar o paciente a óbito.
Quais os perigos da trombose venosa profunda?
Essa doença é gerada pela obstrução causada por coágulos nas veias profundas e pode ocorrer em qualquer localização do corpo, sendo mais comum nas veias das pernas, coxas e pelve. Além de causar sintomas muito desconfortáveis e causar riscos de sequelas devido à obstrução permanente das veias, a trombose venosa também pode causar a embolia pulmonar.
Esta ocorre quando o coágulo, ou trombo, presente dentro das veias se desprende e viaja até se alojar na circulação pulmonar, podendo gerar um quadro grave e até mesmo fatal, quando a embolia é maciça. Sendo assim, é muito importante conhecer os fatores de risco para essa doença e preveni-la da melhor forma possível para diminuir a ocorrência desse quadro.
Trombose Venosa Profunda X Cirurgias Plásticas
O Brasil é o segundo país no ranking mundial de procedimentos em cirurgia plástica, e o primeiro quando consideramos o volume de cirurgias, com cerca de 1,5 milhão de cirurgias ao ano, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Com esse grande volume de cirurgias, e com a veiculação na mídia de casos fatais de trombose e embolia pulmonar, algumas questões são frequentemente levantadas pelos pacientes na consulta com o cirurgião plástico, como, por exemplo: somente as cirurgias plásticas são causadoras de trombose? E de que forma podemos prevenir a ocorrência da trombose na cirurgia? Mantenho o uso de pílula anticoncepcional ou devo parar?
Devemos ter em mente que a prevenção já começa no pré-operatório, com a pesquisa de fatores de risco já presentes no histórico do paciente, e que qualquer procedimento cirúrgico aumenta o risco de trombose venosa e embolia pulmonar. A grande maioria das cirurgias plásticas realizadas são classificadas como de baixo ou moderado risco para trombose, sendo maior com a realização de procedimentos combinados e de longa duração.
Além disso, a chance de trombose aumenta com a presença dos seguintes fatores:
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idade avançada;
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tabagismo;
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episódio prévio de trombose no passado;
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presença de varizes;
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diagnóstico de câncer em atividade;
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doenças genéticas que predispõem às tromboses (trombofilias);
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gravidez;
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uso de anticoncepcionais orais e de terapias de reposição hormonal;
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dentre outros.
Em relação ao uso de anticoncepcionais, sabemos que o seu uso é responsável por cerca de 1/4 dos casos de trombose venosa em mulheres jovens, e esse risco aumenta quando associado a outros fatores, como as cirurgias. Como o risco parece diminuir logo após a interrupção do uso, é comum solicitar à paciente que pare de tomar o anticoncepcional 30 dias antes da cirurgia, não havendo, porém, consenso na literatura científica.
Por outro lado, também não há contra indicação formal ao uso de anticoncepcionais durante as cirurgias, sendo que a decisão de parar deve ser tomada pelo cirurgião, em conjunto com a paciente, pesando os riscos e benefícios para cada caso.
Como evitar a trombose após cirurgia plástica?
Como a melhor maneira de evitar a trombose é com prevenção, várias são as medidas tomadas para evitar a sua ocorrência. A medida mais simples e eficaz é retornar a andar o mais cedo possível após a realização de uma cirurgia, sendo este o único método necessário em pacientes classificados com baixo risco para trombose venosa.
O uso de meias elásticas anti-trombo é outra medida simples e eficaz de ser adotada, e que pode ser aplicada para a maioria dos pacientes submetidos à cirurgia plástica. O uso de aparelhos de compressão, método conhecido como compressão pneumática intermitente, também é outra excelente opção para prevenção de trombose, porém depende de ser aplicado corretamente pela equipe de enfermagem e ter seu uso disponível pelo hospital.
Além disso, quando o risco de trombose aumenta para moderado ou alto, devemos utilizar medicações para a prevenção, que podem ser aplicadas a critério médico. Em último caso, em pacientes de muito alto risco realizamos a combinação dos métodos citados, como compressão pneumática ou meias elásticas associadas às medicações.
Resumindo, considerando que a trombose e embolia pulmonar são as causas de morte mais “evitáveis” em pacientes internados e submetidos a cirurgias, o mais importante é que o paciente retire todas as dúvidas com o seu cirurgião, e que ambos conversem sobre a melhor estratégia de prevenção para cada caso.