VARIZES

As  varizes de membros inferiores são dilatações anormais nas veias das pernas, as quais vão ficando progressivamente maiores e mais tortuosas com o passar do tempo.  Normalmente, são ocasionadas por defeitos na estrutura da parede das veias, associadas ou não à presença de refluxo na veia safena magna, com a qual podem possuir comunicação. Boa parte dos sintomas consiste em dores nas pernas, inchaço, coceira e cãibras. Além disso, as varizes podem complicar com ruptura espontânea, ocasionando sangramentos, e com a coagulação do sangue no seu interior, o que gera muita dor devido ao processo inflamatório local, conhecido como tromboflebite superficial. Em casos mais avançados, há o desenvolvimento de um quadro conhecido como insuficiência venosa crônica, com alterações na cor da pele, descamação e feridas próximas ao tornozelo, as quais apresentam-se com cicatrização dificultada pelo quadro crônico instalado. Essa situação ocasiona uma grande perda de qualidade de vida, sendo responsável por diminuição da capacidade de trabalho e afastamento temporário ou permanente do emprego.

O tratamento de varizes consiste na sua eliminação por retirada cirúrgica – cirurgia de varizes – ou por meio de injeções de medicamentos que geram irritação na parede da veia e causam o seu fechamento por um processo conhecido como fibrose. Normalmente optamos pela primeira opção,  sendo a segunda realizada atualmente com um medicamento misturado com ar, em forma de espuma densa. Desta forma temos mais potência para eliminar as veias dilatadas. O uso de medicamentos em forma líquida para injeção, a chamada escleroterapia convencional, fica reservado para o tratamento de microvarizes, ou aranhas vasculares, e de veias maiores, porém ainda não tão dilatadas, chamadas de reticulares. O tratamento cirúrgico possui baixa incidência de complicações (<5%), com o paciente retornando à suas atividades de trabalho em 7 a 14 dias, dependendo da técnica utilizada e da extensão da cirurgia.

 

CRIOESCLEROTERAPIA

A crioescleroterapia é uma variação da escleroterapia convencional, e consiste na injeção de glicose a 73%, um agente esclerosante, congelada a -40 graus Celsius. O objetivo é associar o efeito químico terapêutico já conhecido deste agente ao mecanismo físico de lesão aos pequenos vasinhos tratados durante a sessão. Com esta baixíssima temperatura ocasionamos também o dano térmico à parede da veia, além de provocar a sua contração, uma resposta natural ao frio, diminuindo o sangramento e hematomas após a punção venosa. Os principais benefícios da escleroterapia com uso do agente esclerosante resfriado são:

 

 . Mantém por mais tempo o contato entre o esclerosante e os vasos pela maior viscosidade

. O frio intenso e súbito aumenta a lesão da parede do vaso

. O descongelamento súbito cria microcristais e auxilia na destruição do vaso

. Alivia o desconforto do paciente pelo efeito analgésico do frio

. Diminui sangramento pela contração do vaso

. Menor quantidade de hematomas pós tratamento

. Menor quantidade de microtrombos

. Menor risco de pigmentação da pele

. Menor risco de úlceras

. Sem riscos de alergias

. Não impede a realização de exercícios

 

Assim, deixamos a escleroterapia convencional para o tratamento das microvarizes ou telangiectasias, e aproveitamos a maior potência da crioescleroterapia para tratar vasinhos maiores, porem ainda assim menores que as varizes (veias reticulares e venulectasias).

 

CIRURGIA DE CARÓTIDAS

As carótidas são as principais artérias responsáveis pela irrigação sanguínea cerebral, com trajeto através do pescoço e dos ossos do crânio, até atingirem localização intracraniana e dividirem-se em diversas artérias para o cérebro. O processo de aterosclerose, ocasionado por placas de gordura que se desenvolvem nos vasos arteriais pode acometer as carótidas, com essas placas ocasionando obstruções em menor ou maior grau. Atualmente, 85% dos acidentes vasculares encefálicos – AVE – são de causa isquêmica, ou seja, causados por uma interrupção no fluxo sanguíneo na área afetada do cérebro, o que gera dano aos neurônios e sequelas neurológicas.

Dentre os acidentes vasculares encefálicos isquêmicos,  aproximadamente 20% estão relacionados às placas de gordura, ou aterosclerose, das carótidas. O diagnóstico das mesmas é feito por meio de um exame de ultrassom especial, o qual avalia o fluxo através dos vasos sanguíneos, chamado de Ecocolordoppler. Com este exame, temos uma avaliação anatômica e hemodinâmica em tempo real das carótidas, com estimativa de velocidade de fluxo. Após sua realização conseguimos calcular o grau de obstrução arterial, além das características da placa de ateroma. Após este exame inicial, podemos utilizar outros, com maior detalhamento de imagem, para confirmar o achado  e planejar o tratamento cirúrgico.

A cirurgia convencional, conhecida como endarterectomia, consiste na retirada da placa de ateroma, que normalmente fica localizada na bifurcação da artéria carótida comum em artéria carótida interna e externa, com prolongamento para a interna. Outra opção terapêutica é baseada no tratamento endovascular, quando insuflamos um dispositivo por dentro da carótida com o objetivo de quebrar a placa e aliviar a obstrução, e em seguida implantamos um stent  (malha metálica tubular) no local para diminuir a recidiva. O objetivo final de ambos os tratamentos é sempre preventivo, ou seja, evitar que essas placas de gordura ocasionem o AVE. Cada método tem as suas vantagens e desvantagens, sendo a cirurgia convencional ainda o método de escolha para o tratamento, salvo em algumas situações específicas.

Em relação aos pacientes que merecem tratamento cirúrgico, normalmente indicamos quando estes já tenham tido um AVE relacionado a uma obstrução carotídea de pelo menos 50%, e em casos de pacientes que ainda não tenham apresentado um AVE, mas que possuem obstruções de pelo menos 70%, desde que tenham baixo risco cirúrgico e previsão de sobrevida de pelo menos 3 a 5 anos.

Douglas Monteiro